segunda-feira, 18 de abril de 2011

O uso de peles na moda: maldade não combina com elegância!



Uma das discussões mais acaloradas e polêmicas do mundo da moda voltou a ser destaque no Brasil recentemente. A Arezzo, famosa grife de calçados e acessórios, está lançando para esse inverno a coleção Pelemania. Nela, há diversas peças como bolsas, sapatos, botas e echarpes feitas de pele verdadeira de raposa e coelho. Na contramão da consciência ecológica, do politicamente correto e de todos os manifestos que mudaram a cultura do uso de peles verdadeiras, a Arezzo defende que peles verdadeiras simbolizam a "elegância natural". Mas não parece anacrônico o argumento?

Roupas feitas de pele são utilizadas pelo ser humano desde os primórdios, quando não tinham outra opção de vestimenta. Desde que nos tornamos civilizados, a pele deixou de fazer parte do nosso guarda-roupas durante vários séculos.

Em 1882, recém chegado aos Estados Unidos, Oscar Wilde contratou o melhor fotógrafo de Nova York, Napoleon Sarony, para registrar sua imagem vestido com um casaco de pele de foca, que tornou-se sua marca registrada. Infelizmente, estava lançada uma tendência.

Porém, foi no final da década de 50 que os casacos de pele verdadeira entraram com tudo para o mundo da moda, tendo sua imagem ligada ao luxo, ao glamour, à elegância e à riqueza. Divas do cinema desfilavam com suas peles, em casacos ou estolas, sendo imitadas pelas mulheres ao redor do mundo.

Em 1968, o reinado das peles sofreria sem primeiro golpe. O jornal inglês Daily Mirror dedicaria sua primeira página inteira a uma fotografia tirada no Canadá, no exato momento em que um caçador acertava com um taco de beisebol a cabeça de um filhotinho de foca, que o olhava apavorado com arregalados olhinhos pretos. Em letras garrafais, lia-se apenas "O preço de um casado de pele". O impacto da imagem funcionou! Durante muitos anos, os casacos de pele passaram a ser vistos como fruto de uma crueldade desnecessária, e deixaram o posto de sonho de consumo da maior parte das mulheres que tinham cérebro, coração, ou ambos. O casamento das peles com a elegância tinha sido fortemente abalado.

Em 2002, o mundo assistiu com revolta ao desfile onde a modelo brasileira Gisele Bundchen trazia de volta às passarelas os casacos de pele. Manifestantes protestaram, a opinião pública condenou o ato e, posteriormente, a própria modelo afirmou que não faria o desfile se pudesse voltar no tempo. De qualquer forma, foi uma tentativa visível da indústria da moda emplacar novamente as peles verdadeiras.

Desde então, as peles sintéticas, falsas e inofensivas, ganharam seu espaço na moda e no armário de pessoas conscientes, e as verdadeiras foram deixadas de lado. Vídeos e fotografias no mundo inteiro foram disponibilizados na internet, para que todos nós tivéssemos acesso ao nível de crueldade exercido para que sejam tiradas dos animais as peles para a confecção das peças em questão. O mundo perdeu a desculpa para não ver o que estava por trás de um casaco de pele, quando soube COMO eram abatidos os animais utilizados. Pauladas na cabeça, empalamento, enforcamento e, até mesmo, terem a pele arrancada enquanto ainda estão VIVOS! Esses são os meios mais comuns de extração da pele animal usada nos supostamente chiques casacos e adereços. Sem contar com o número de animais mortos para a confecção de um casaco de comprimento MÉDIO: 125 arminhos, 100 chinchilas, 70 martas, 30 ratos almiscarados, 30 coelhos, 27 guaxinins, 17 texugos, 16 coiotes, 15 raposas, 14 lontras, 11 linces, 10 bebês de foca e 9 castores. Será que QUALQUER peça vale esse preço?

Para provar que o mundo da moda não é totalmente alienado como se pensa, e está caminhando na direção de condenar de vez essa brutalidade incompreensível, este ano, a Oslo Fashion Week foi o primeiro evento internacional de moda a proibir terminantemente o uso de peles verdadeiras nos desfiles. Exemplo a ser aplaudido de pé, e seguido por todos os demais. Um marco do qual devemos nos orgulhar.

E, mesmo com toda essa linha do tempo que, tropeços à parte, caminha para uma conscientização de banir as peles verdadeiras da moda, uma grife como a Arezzo prova estar fora de sintonia não só com o mundo fashion, como com a consciência, a humanidade e com os consumidores, que, felizmente, sabem a tamanha cafonice e ignorância refletidas pelo uso de peles verdadeiras. O mesmo lamento vai para Glória Pires, que é garota-propaganda da coleção.

A despeito dos belíssimos calçados e coleções já lançadas pela Arezzo, depois do infeliz lançamento da Pelemania, este blog boicota a Arezzo. E você?

5 comentários:

  1. Estamos muito felizes e orgulhosos! Nosso blog fez parte do manifesto que, desde a manhã de hoje, condenou a Arezzo pelo lançamento da coleção Pelemania. Para provar que nossa opinião conta, e que cada um de nós deve protestar e defender nossos pontos de vista, sempre, a Arezzo publicou agora um comunicado onde anuncia a retirada de TODOS OS PRODUTOS contendo peles das lojas ainda hoje. É uma vitória de todos nós!

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  2. - Boicote a Arezzo APOIADO, vida!!! Após anos de tentativas de conscientização, a idéia da Arezzo de retomar esta "tendência" de "vestir carcaças" é um regresso de pensamento e atitude! Divulguemos e condenemos isto! Todos!

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  3. Nossa manifestação deu certo! A Pelemania sai das vitrines HOJE! Como eu disse no comentário acima, é um orgulho e uma conquista de todos que, como nós, colocamos a boca no trombone! NÃO VAMOS MAIS TOLERAR PELES NA INDÚSTRIA DA MODA!

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  4. Acho horrivel, matar para fazer casacos!!!!!!

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  5. Concordamos em gênero, número e grau! Por isso, achamos importante que todos nós demonstrem o quanto são contra essa atrocidade!

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